sábado, 15 de agosto de 2009

Assistência a um menino moribundo —1862

Eis aqui o relato que legou-nos em sua crônica o jovem Jerônimo Sutil. "No sábado, 20 de dezembro, (São) João Dom Bosco, depois das orações de costume, disse aos jovens estas precisas palavras:
— Para a festa de Natal, um de nós irá ao Paraíso.
A enfermaria estava completamente vazia e cada um dos pressentes pensava com certa inquietação em seus assuntos particulares. No domingo 21 transcorreu sem novidade alguma; a enfermaria continuava vazia; muitos foram visitá-la para assegurar-se disso. De noite, no teatro se representava o drama "Cosme II visitando os cárceres".
No dia 22, depois da função da Igreja, celebrava-se a Novena de Natal; José Blangino, exemplar aluno durante dez anos, natural de São Albano, começou a sentir-se mal e foi até a enfermaria. Em poucas horas o mal agravou-se e o médico perdeu toda esperança de cura". Dom Francisco Provera continua em sua crônica: "A noite de 23 de dezembro lhe administrou o Santo Viático ao jovenzinho Blangino. Por volta das dez (São) João Dom Bosco estava na enfermaria e falava do perigo de morte em que encontra-se o doente. (Beato) Miguel Dom Rúa disse:
— Se (São) João Dom Bosco quer que eu passe aqui a noite, se por acaso o doente necessitar os últimos auxílios da Religião, estou disposto a fazê-lo.
— Não é necessário — replicou (São) João Dom Bosco —; até as duas da noite não haverá perigo; vete a dormir tranqüilo, deixa ordenado que a essa hora vão chamar-te, pois então deverás estar aqui.
Em efeito, à hora indicada, o jovenzinho recebeu a extrema-unção e meia hora depois tinha entregue sua alma a Deus".
Pela manhã (São) João Dom Bosco contou que à noite precedente tinha sonhado com o Blangino, ao qual havia visto moribundo. Eis aqui suas palavras:
"Sonhei que o Prefeito Dom Alasonatti estava ajoelhado rezando; minha mãe, morta fazia seis anos e eu, assistíamos ao doente. Ela estava arrumando algumas coisas ao redor da cama e eu estava sentado a certa distância do paciente. Minha mãe aproximou-se do leito e disse:
— Está morto.
— Está morto?, — perguntei eu —.
— Sim, está morto.
— Olhem a ver que horas são.
— Logo serão as três.
Dom Alasonatti enquanto isso exclamou:
— Oh! Queira o Senhor que todos nossos jovens tivessem uma morte tranqüila.
Depois disto despertei. Seguidamente senti um golpe fortíssimo, como se alguém golpeasse na parede. Imediatamente exclamei:
— Blangino parte agora para a eternidade.
Abro os olhos para comprovar se havia luz; mas não vi nada. Rezei então O de profundis, (salmo penitencial, que costuma rezar-se pelas almas das pessoas que falecem) persuadido de que o jovem tinha morrido, e enquanto o rezava ouvi que soavam no relógio as duas e meia".
Na noite de Natal um número muito consolador de comunhões ajudava a alma do querido defunto e os jovens, como acontecia em casos semelhantes, estreitavam-se cada vez mais ao redor de (São) João Dom Bosco.
Eis aqui o que dizem as crônicas sobre o jovem Jerónimo Sutil, que legou-nos a primeira parte deste relato:
"Veio também a procurar refúgio no Oratório o jovem e bom músico Jerónimo Sutil, que era procurado em Veneza pela polícia por ter pronunciado algumas palavras imprudentes. Este tal afeiçoou-se a (São) João Dom Bosco e durante muitos anos alegrou a vida do Oratório com suas canções venezianas, e tendo partido a França, retornou depois ao Valdocco. Viveu sempre como fervoroso cristão".
(M. B. Volume VII, págs. 345-346)

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