sábado, 15 de agosto de 2009

Os dois pinheiros — Eficácia da humildade — 1861

Dom Ruffino nos deixou consignado em sua Crônica pessoal, entre outros, o seguinte sonho:
Por aqueles dias — escreve — (São) João Dom Bosco falou-nos assim:
Pareceu encontrar-me em Castelnuovo, em meio de uns prados, em companhia de alguns jovens esperando algo com o que obsequiar ao (Beato) Papa Pio IX em sua festa onomástica, quando eis aqui que vemos vir pelo ar da parte de Buttigliera um grande pinheiro de uma grossura imponente e de uma altura extraordinária.
O pinheiro aproximava-se de nós em posição horizontal, depois endireitou-se, ficando na vertical, oscilou e pareceu que ia cair em cima dos que o contemplávamos. Assustados, quisemos fugir e fizemos o sinal da cruz, quando eis aqui que soprou um vento impetuoso que transformou àquela árvore em um temporal de relâmpagos, trovões, raios e granizo.
Pouco depois vimos outro pinheiro menos grosso que o anterior, avançando na mesma direção, e que se colocava em cima de nós; depois, sempre em posição horizontal, começou a descender. Nós fugimos temendo ser esmagados, enquanto isso fazíamos o sinal da cruz. O pinheiro descendeu quase a ras do chão, permanecendo suspenso no ar; só seus ramos tocavam a terra. Enquanto estávamos observando-o, eis aqui que soprou um ventinho que transformou-o em chuva. Não compreendendo o significado daquele fenômeno, perguntávamo-nos uns aos outros:
— O que quer dizer isto?
E eis aqui que um, a quem não conhecia, disse:
— Haec est pluvia quam dabit Deus tempore suo. (Eis a chuva que manda Deus a seu momento)
Depois, outro desconhecido, acrescentou:
— Hic est pinus ad ornandum locum habitationis meae. (Eis o pinheiro que orna a minha morada)
E citou-me o local da Sagrada Escritura no que se lê este versículo, mas não o recordo.
Eu acredito que o primeiro pinheiro era símbolo das perseguições, das tempestades que caem sobre aqueles que permanecem fiéis à Igreja.
O segundo representa à mesma Igreja, que será como chuva fecunda e benéfica para aqueles que lhe sejam fiéis.
O servo de Deus não acrescentou mais explicação — continua Dom Lemoyne — e nós não vamos discutir se o sonho admite ou não outro sentido, nos limitando a fazer uma comparação.
O pinheiro de tamanho colossal e de um diâmetro excepcional que se levanta erguido em meio da terra não se assemelha à árvore que viu Nabucodonosor e que descreve o profeta São Daniel, cuja altura chegava ao céu, tão rico em ramos verdes e frondosos que de longe parecia uma floresta? Não é símbolo de um poderio extraordinário, de uma atitude de desafio e de rebelião contra Deus e de uma ameaça de extermínio dirigida a seus servos? Mas desaparece da terra ferido pela ira do Senhor: Um vento ardente e impetuoso seca seus ramos, envolve-o na tempestade e o consome com o fogo.
O segundo pinheiro, que também era alto e esbelto, mas não em tanto grau como o anterior, representava talvez, nem tanto à Igreja em geral quanto a uma porção escolhida da mesma, como seria uma congregação religiosa, por exemplo, a Sociedade de São Francisco de Sales. Isto parece indicar o lugar que serve de cenário a este espetáculo. A posição horizontal desta árvore em contraposição com a vertical do primeiro, é símbolo da humildade, virtude fundamental. O versículo a que alude (São) João Dom Bosco é o 13 do capítulo LX de Isaías: Glorifica Libani ad te veniet, abies et buxus et pinus simul, ad ornandum locum sanctificationis meae; et locum pedum meorum glorificabo.
(M. B. Volume VI, págs. 954-955)

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