sábado, 15 de agosto de 2009

O trabalho escolar —1831

Durante seus quatro anos de estudante no Chieri, João deu amostras de que, além de sua prodigiosa memória e de seu engenho, ajudava-lhe em seus estudos alguma outra secreta virtude. Tal é a opinião de muitos de seus antigos condiscípulos que deram fé do fato seguinte:
Uma noite sonhou que o professor tinha escolhido o tema para determinar os postos de mérito da classe e que ele estava fazendo-o.
Apenas despertou, saltou do leito e escreveu o trabalho escolhido, que era um ditado em língua latina; depois, começou a traduzi-lo, fazendo-se ajudar de um sacerdote amigo dele. Na manhã seguinte o professor ditou o tema na classe para assinalar a ordem de mérito entre os alunos, trabalho que era exatamente o mesmo com que João tinha sonhado; de forma que, sem necessidade do dicionário e em muito breve tempo, escreveu-o imediatamente tal como recordava havê-lo feito no sonho, com as oportunas correções que lhe fizesse o amigo, conseguindo um completo êxito. Interrogado pelo professor, expôs ingenuamente o acontecido, causando em este verdadeira admiração.
Em outra ocasião João entregou a página de seu trabalho tão logo, que ao professor não lhe parecia possível que tivesse podido superar, em tão breve tempo, tantas, dificuldades de ordem gramatical; por isso leu atentamente o tema que João lhe tinha entregado. Duvidando da origem daquele trabalho, pediu-lhe que lhe apresentasse o rascunho. João obedeceu causando novo estupor no professor. Este tinha preparado o tema na tarde anterior e como o considerasse muito comprido, tinha ditado aos alunos somente a metade. No caderno do João o encontra completo; nenhuma sílaba mais, nenhuma sílaba menos. Como se podia explicar aquele fenômeno? Não era possível que em tão pouco tempo o aluno tivesse copiado o original, nem que tivesse estado na sua habitação, pois a pensão em que se hospedava João estava muito longe da casa do professor. Portanto? Bosco pôs as coisas em claro:
—tive um sonho no qual vi o tema.
Por este e por outros acontecimentos semelhantes, os companheiros da pensão lhe chamavam o sonhador.
(M. B. Tomo I, pág. 253)

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