sábado, 15 de agosto de 2009

Sobre e eleição de estado —1834

Aproximava-se o final do Curso de humanidades 1833-34, época em que os estudantes que terminam ditos estudos pensam sobre o rumo de sua vocação.

"O sonho do Murialdo —escreve Dom Bosco em suas Memórias— perdurava gravado em minha mente, de tal maneira que a visão do mesmo se renovava em mim, cada vez com maior claridade. Portanto, se queria lhe emprestar fé, devia escolher o estado eclesiástico, pelo qual sentia verdadeira inclinação; mas ao me encontrar falto das virtudes necessárias, minha decisão se fazia difícil e duvidosa. Oh, se tivesse tido então um guia que cuidasse de minha vocação! Dispunha de um confessor que queria fazer de mim um bom cristão, mas nunca quis mesclar-se nos assuntos de minha vocação.

Consultando comigo mesmo e depois de ler algum livro que tratava sobre a eleição de estado, decidi-me a entrar na Ordem Franciscana. Se me fizer clérigo secular —me dizia a mim mesmo— minha vocação corre grande risco de naufrágio. Abraçarei o estado religioso, renunciarei ao mundo, entrarei em um claustro, entregar-me-ei ao estudo, à meditação e no retiro poderei combater as paixões, especialmente a soberba, que tinha jogado fundas raízes em meu coração. Fiz, portanto, a petição ao Convento de Reformados; fiz a prova; fui aceito, ficando tudo preparado para meu ingresso no Convento de La Paz, em Chieri.

"Poucos dias antes da data estabelecida para minha entrada, tive um sonho muito estranho".

Pareceu-me ver uma multidão de religiosos de dita Ordem com os hábitos sujos e rasgados, correndo em sentido contrário uns dos outros. Um deles se aproximou de mim para me dizer:

—Você procura a paz e aqui não encontrasse a paz. Já vê a situação de seus irmãos. Deus te tem preparado outro lugar e outra colheita.

Quis fazer algumas pergunta a aquele religioso, mas um ruído despertou-me e não voltei a ver coisa alguma.

Expus tudo a meu diretor que não quis ouvir falar nem de sonhos nem de frades:

—Neste assunto —me disse— é necessário que cada um siga suas inclinações e não os conselhos de outros.

Tal é a versão do texto das Memórias de Dom Bosco.

Dom Lemoyne se expressa nestes términos nas Memórias Biográficas ao relatar o mesmo sonho:

"Aproximando-a festa de Páscoa, contava o mesmo Dom Bosco, que naquele ano de 1834 caiu em 30 de março, fiz a petição para ser admitido entre os Franciscanos Reformados. Enquanto aguardava a resposta e sem ter manifestado a ninguém meus propósitos, eis que um bom dia se me apresenta um companheiro chamado Eugenio Balanço, com o qual tinha pouca familiaridade e me pergunta:

—O que, decidiste ser franciscano?

Olhei-o maravilhado e lhe disse:

—Quem te há dito isso?

E me ensinando uma carta, replicou:

—Comunicam-me que lhe aguardam em Turim para render prova junto comigo, pois eu também decidi abraçar o estado religioso nesta Ordem.

Fui pois, ao Convento de Santa Maria dos Anjos, em Turim; fiz o exame e fui aceito a partir da metade de abril, ficando tudo preparado para ingressar no Convento de La Paz, de Chieri. "Mas pouco antes da data assinalada para meu ingresso em dito Convento, tive um sonho muito estranho".

E a seguir segue o relato do mesmo tal e como o consignamos anteriormente, traduzido das Memórias pessoais de Dom Bosco.

Os Pais Franciscanos conservam um certificado relacionado com este fato que diz assim:

"Anno 1834 receptus fuit in conventu S. Mariae Angelorum Ord. Reformat. S. Francisci, juvenis Joannes Bosco, ao Castronovo, natus die 17 augusti 1815, baptizatus, et confirmatus. Habet requisita et vota omnia.—Die 18 aprilis.

ex-livro II, in quo describuntur juvenes postulantes ad Ordinem acceptati et aprobati ab anno 1638 ad annum 1838. Pai Constantino da Valcamonica".

(M. B. Tomo I, págs. 301-302. —M. O. Década 1,14; págs. 79-81)

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