sábado, 15 de agosto de 2009

Sacerdote e alfaiate — 1836

Enquanto se entregava ao exercício das mais sólidas virtudes e aos estudos da filosofia, João sentia crescer sempre mais e mais em seu coração o desejo de dedicar-se a quão jovens iam a seu redor para aprender o Catecismo e exercitar-se na oração; aproveitando para isso as ocasiões em que os superiores o enviavam à Catedral para intervir nas funções religiosas.
A divina bondade, que tinha os olhos postos nele com amorosos intuitos, começou a lhe manifestar em forma mais detalhada o gênero de apostolado que tinha que exercer em meio da juventude.
Assim ou fez saber ele mesmo no Oratório, em forma reservada, a alguns dos seus, entre os que se encontravam Dom João Turchi e Dom Domingo Ruffino.
—Quem ia imaginar —dizia— a maneira como me vi quando estudava o primeiro curso de filosofia?
E um dos pressente lhe perguntou:
—Onde, em sonho ou na realidade?
—Isso não vem ao caso —replicou Dom Bosco.
O certo é que me vi já sacerdote, com roquete e estola e que assim revestido trabalhava em uma oficina de alfaiataria; mas, não fazendo trajes novos, a não ser cerzindo algumas roupas muito deterioradas e unindo entre si uma grande quantidade de pequenas peças de pano. Naquele momento não pude compreender o significado de todo aquilo que tinha visto, até que sendo já sacerdote o contei a meu conselheiro Dom Cafasso.

Este sonho —escreve Dom Lemoyne— ficou indelével na mente de Dom Bosco. Com ele lhe quis significar que sua missão não se limitaria simplesmente a selecionar jovens virtuosos lhes ajudando a conservar-se na virtude, mas sim também teria que reunir a seu redor a outros jovens desencaminhados e ameaçados pelos perigos do mundo, os quais, mercê a seus cuidados se permutariam em bons cristãos, cooperando eles, depois, na reforma da sociedade.

(M. B. Tomo I, págs. 381-382)

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