sábado, 15 de agosto de 2009

A lanterna mágica — Parte 1 — 1861

Hoje iniciamos o relato deste sonho em 3 partes, um relato fantástico sobre o futuro... Cheio de detalhes e muitos diálogos, é preciso dizer que me entretive muito saboreando a tradução, de minha parte teria dividido em mais partes uma vez que o relato do sonho ocupa mais de 25 páginas datilografadas, mas o próprio São João Bosco dividiu ele em três partes. Assim, faz mais sentido manter o ritmo do relato tal como o fez o próprio Santo. Novamente repetem-se partes em latim que não consigo traduzir na maior parte dos casos, em alguns casos ainda faço uma tentativa, mas não sei da precisão da mesma. Passemos pois, ao relato propriamente deste sonho que trata do porvir da Congregação Salesiana.
Com particular lembrança nos oferecem numerosas crônicas particulares do Oratório um sonho narrado pelo mesmo Dom Bosco, no qual viu sua Obra do Valdocco e os frutos que produziria no futuro; o estado das consciências de seus alunos; os que eram chamados ao estado eclesiástico ou a servir a Deus na Pia Sociedade ou a levar vida de seculares e o futuro da nascente Congregação.
O servo de Deus sonhou, pois, à noite precedente no dia dois de maio e o sonho lhe durou quase seis horas. Logo que amanheceu levantou-se do leito para tomar alguns apontamentos sobre as cenas principais e anotar os nomes de alguns personagens que tinha visto desfilar através de sua imaginação enquanto dormia.
Na narração de dito sonho tomou três boas noites (as boas noites eram pequenas reuniões que São João Bosco fazia de noite no Oratório para os da casa) consecutivas, falando com seus jovens da tribuna que costumavam colocar debaixo do pórtico uma vez rezadas as orações de costume.
Em dois de maio esteve falando por espaço, quase, de três quartos de hora.
O exórdio, como acontecia sempre que começava uma destas narrações, parece um pouco confuso e estranho, o que julgamos natural, por razões que temos exposto já em outros lugares e pelas que submeteremos ao julgamento de nossos leitores.
São João Bosco - no sonho - encontra um personagem durante um passeio que o acompanha durante o sonho
Começou, pois, o servo de Deus a falar assim com os jovens depois de haver-lhes anunciado o tema de sua boa noite:
Este sonho se refere somente aos estudantes. Muitíssimas coisas das que vi nele não seria capaz das descrever, por falta de inteligência e por insuficiência de palavras.
Parecia-me ter saído de minha casa do Becchi. Dirigia-me por um atalho que conduzia a um povo próximo ao Castelnuovo, chamado Capriglio. Queria visitar um campo arenoso de nossa propriedade, que estava situado em um valezinho atrás do casario chamado Valcappone; a colheita deste campo apenas dava para pagar os impostos. Em minha infância estive várias vezes trabalhando naquele sítio.
Tinha percorrido já um bom trecho de caminho, quando perto daquele campo encontrei-me com um homem como de uns quarenta anos, de estatura ordinária, barba longa e bem cuidada e de rosto moreno. Vestia um traje que chegava-lhe até os joelhos, tinha rodeados os flancos e sobre a cabeça uma espécie de gorrinho branco. Achava-se em atitude de quem espera a alguém. O tal (personagem) saudou-me familiarmente como se eu fosse para ele pessoa conhecida desde muito tempo; depois perguntou-me:
— Aonde vai?
Enquanto detinha o passo, repliquei-lhe:
— Vou ver um campo que temos por estes contornos. E você, o que faz aqui?
— Não sejas curioso — respondeu-me —. Não precisas sabê-lo.
— Bem. Mas ao menos faz o favor de dizer-me seu nome e quem é, pois, dei-me conta de que conhece-me. Eu, em troca, não te conheço.
— Não faz falta que te diga nem meu nome, nem minhas qualidades. Vêem. Prossigamos juntos.
Pus-me a caminho com ele e depois de avançar uns passos me vi em um extenso campo coberto de figueiras. Meu companheiro disse-me:
— Não vê que formosos figos há aqui? Se quer pode agarrar e comer deles.
Eu respondi-lhe maravilhado:
— Neste campo nunca houve figos.
E ele acrescentou:
— Pois agora os há; aí os tem. — Mas não estão amadurecidos; ainda não é tempo de figos. — Pois apesar disso, olhe: há-os já muito formosos e em ponto; se quer prová-los date pressa porque se faz tarde.
E como eu não me movesse, meu amigo insistiu:
— Date pressa; não perca tempo, que se aproxima a noite. — Mas por que me tem tanta pressa? Não, não quero figos; agrada-me vê-los, os dar de presente, mas não me são agradáveis ao paladar.
— Se for assim, sigamos adiante; mas recorda o que diz o Evangelho de São Mateo, quando fala dos grandes acontecimentos que acontecerão a Jerusalém. Dizia Cristo aos Apóstolos: Ab arbore fici discite parabolam. Cum jam ramus ejus ter fuerit et folia nata, scitis quia prope est aestas. E agora está muito perto, posto que os figos começam a maturar.
Re-emprendimos a marcha e eis aqui que apareceu outro campo semeado de vinhas. O desconhecido disse-me imediatamente:
— Quer uvas? Se não lhe agradarem os figos, aí tem uvas: agarra come.
— Oh! Já as agarraremos a seu tempo na vinha.
— Pois aqui também as há.
— A seu tempo!—, respondi-lhe.
— Mas, não vê quanta uva amadurecida?
— Será possível? E nesta estação?
— Mas date pressa, que se faz tarde e não há tempo que perder.
— Que pressa temos? Com tal de que ao final do dia encontre-me em minha casa…
— Repito-te que tenhas pressa, pois logo se faz de noite.
— Se se fizer de noite voltará outra vez o dia.
— Não é certo; já não voltará o dia.
— Como? O que é o que quer dizer?
— Que se aproxima a noite.
— Mas de que noite me está falando? Quer dizer que devo preparar a mochila para partir? Que devo ir logo a minha eternidade?
— Aproxima-se a noite: dispões de muito pouco tempo.
— Me diga ao menos se será logo. Quando tenho que partir?
— Não sejas tão curioso. Non plus sápere quam oportet sápere. (Não deves saber o que não é oportuno)
— Assim dizia minha mãe aos intrometidos — pensei para mim —; e depois prossegui em alta voz:
— Por enquanto não quero uvas.
Seguimos avançando lentamente e depois de caminhar brevemente chegamos ao campo de nossa propriedade, no qual encontramos a meu irmão José carregando um carro. Ao verme aproximou-se para saudar-me; depois saudou meu companheiro, mas vendo que este não respondia à saudação nem lhe fazia caso, perguntou-me se o tal tinha sido meu condiscípulo:
— Não — disse-lhe —, é a primeira vez que o vejo.
Então José dirigiu-lhe de novo a palavra dizendo-lhe:
— Ouça, por favor, diga-me seu nome; tenha a bondade de responder-me; que eu saiba com quem falo.
Mas o guia continuava sem lhe fazer caso. Meu irmão, achando estranho, dirigiu-se novamente a mim para perguntar-me:
— Mas quem é este?
— Não sei, não me quis dizer isso
Ambos insistimos para que nos dissesse de onde vinha, mas o outro voltou a repetir: Non plus sápere quam oportet sápere.
O companheiro de São João Bosco mostra a ele o futuro da sua Obra
Enquanto isso meu irmão afastou-se e não voltei a ver-lhe, enquanto que o desconhecido, dirigindo-se a mim, disse-me:
— Quer ver algo extraordinário?
— De boa vontade — respondi.
— Quer ver seus moços tal e como são atualmente? Como serão no futuro? Quer contá-los?
— Oh!, sim, sim.
— Vêem, pois.
Então tirou não sei de onde uma grande máquina, que não saberia descrever, a qual constava de uma grande roda. E enquanto a colocava no chão perguntei-lhe:
— O que significa essa roda?

— A eternidade nas mãos de Deus — respondeu-me.
E tomando a manivela daquela roda, a fez girar. Depois disse-me:
— Toma a manivela e lhe dê uma volta.
Assim o fiz e depois meu acompanhante acrescentou:
— Agora olhe dentro.
Observei a máquina e vi que tinha um grande cristal em forma de lente, quase de um metro e meio de diâmetro, colocado no centro da mesma e fixo na roda. Ao redor da lente lia-se: Hic est óculus qui humilia réspicit in coelo et in térra.
Imediatamente apliquei a cara à lente. Olhei e oh, espetáculo maravilhoso! Vi no interior daquele artefato a todos os jovens do Oratório.

São João Bosco vai vendo os pecados e as representações deles nas pessoas

— Mas como é possível? —, dizia-me para mim. Até agora não vi nenhum de meus filhos nesta região e agora os contemplo a todos reunidos. Mas não estão no Turim?
Olhei por cima e aos lados da máquina, mas fora da lente a ninguém via. Levantei o rosto para expressar minha admiração ao companheiro, mas logo de passados uns instantes ordenou-me que desse uma segunda volta à manivela, e vi uma singular e estranha separação de jovens. A um lado os bons e a outro os maus. Os primeiros radiantes de felicidade; os outros, que felizmente não eram muitos, davam pena. Eu os reconheci a todos, mas que distintos eram do que os companheiros acreditavam! Uns tinham a língua furada; outros os olhos completamente extraviados; quais sofriam dor de cabeça produzida por repugnantes úlceras, não faltando os que tinham o coração roído pelos vermes. Quanto mais os olhava, mais aflito me sentia.
— Mas é possível que estes sejam meus filhos?, — exclamei —. Não compreendo o que podem significar estas estranhas enfermidades.
Ao escutar estas palavras, o personagem que me tinha conduzido à roda, disse-me:
— Escute-me: a língua furada significa as más conversações; a vista extraviada, os que interpretam ou julgam de uma maneira torcida os intuitos de Deus, preferindo a terra ao céu; a cabeça doente, representa o menosprezo de seus avisos e conselhos e a satisfação dos próprios caprichos; os vermes são as más paixões que corroem o coração; também estão aí os surdos, os que não querem escutar suas palavras para não as pôr em prática.
Depois fez-me um sinal, e eu, dando uma terceira volta à roda, apliquei o olho à lente do aparelho. Vi então a quatro jovens moços com grossas cadeias. Observei-os atentamente e reconheci os quatro. Pedi explicação ao desconhecido e respondeu-me:
— Poderás compreender facilmente: são os que não escutam seus conselhos e se não trocarem de conduta correm o perigo de ir parar ao cárcere e acabar nela seus dias por seus delitos ou graves desobediências.
— Desejaria tomar nota de seus nomes para não esquecê-los disse —, mas o amigo respondeu-me.
— Não faz falta; estão já todos anotados; aqui neste caderno.
Então dava-me conta de que meu acompanhante tinha uma caderneta na mão. Ordenou-me que desse outra volta à manivela e depois de fazê-lo, pus-me novamente a olhar. Vi outros sete jovens, todos de aspecto anti-social e desconfiado, com um cadeado que lhes fechava os lábios. Três deles se tampavam também os ouvidos com as mãos. Separei-me então do cristal e quis anotar com lápis seus nomes, mas aquele homem voltou-me a dizer:
— Não faz falta; aqui os tem anotados neste caderno que levo sempre comigo. E se opôs absolutamente a que eu escrevesse. Eu, cheio de estupor e dolorido por aquela estranha atitude, perguntei o significado daquele cadeado que fechava os lábios daqueles infelizes.
O personagem respondeu-me:
— Não o entendes? Estes são os que calam.
— Mas o que é o que calam?
— Calam!
Então compreendi que se tratava da Confissão. Eram os que inclusive, quando o confessor lhes pergunta, não respondem, ou respondem evasivamente, ou faltam à verdade. Dizem sim quando devem responder não e vice-versa.
O amigo continuou:
— Vês àqueles três que além de levar um cadeado na boca se tampam os ouvidos com as mãos? Que condição tão deplorável a sua! Esses são os que não somente calam pecados na confissão, mas além disso não querem escutar de maneira alguma os avisos, os conselhos, e as ordens do confessor. São os que não emprestarão ouvido a suas palavras, embora pareça que as escutam e que estavam dispostos a obrar diversamente. Poderiam tirar as mãos de onde as têm, mas não querem fazê-lo. Os outros quatro escutaram seus conselhos, suas exortações, mas não se aproveitaram delas.
— E como faria para tirar-lhes esse cadeado?
— Ejiciatur superbia e córdibus eorum.
— Admoestarei a estes — prossegui —, mas para os que se tampam os ouvidos com as mãos há poucas esperanças.
Aquele homem deu-me depois um conselho; ou seja, que quando dissesse duas palavras do púlpito, uma fora sobre a maneira de confessar-se bem; e por minha parte prometi obedecer-lhe. Não direi que somente falarei disto, porque me faria pesado, mas sim que inculcarei com freqüência uma máxima tão necessária. Em efeito, é muito maior o número dos que se condenam por confessar-se mal que os que vão ao inferno por não confessar-se, porque até os maus alguma vez confessam-se, mas são muitíssimos os que não se confessam bem.
O personagem misterioso fez-me dar outra volta à manivela.
Olhei depois e vi outros três jovens em uma situação espantosa.
Os pecados contra a castidade representados por macacos
Cada um deles tinha um macaco enorme sobre as costas. Ao observar atentamente pude comprovar que aqueles animais tinham chifres. Cada um deles com as patas dianteiras apertavam fortemente as gargantas de suas infelizes vítimas de forma que o rosto daqueles desgraçados moços se tomava de uma cor vermelha sanguinolenta, e seus olhos, injetados em sangue, pareciam que iriam saltar de suas órbitas. Com as patas de atrás lhes apertavam as coxas de maneira que com muita dificuldade lhes consentiam mover-se e com a cauda, que lhes chegava até o chão, enredavam-lhes as pernas até o ponto que faziam-lhes impossível o caminhar. Isto representava a jovens depois dos exercícios espirituais que continuam em pecado mortal, especialmente contra a pureza e a modéstia, havendo-se feito réus em matéria grave contra o sexto mandamento. O demônio lhes apertava a garganta para não lhes deixar falar quando deviam fazê-lo; eles lhes faziam avermelhar até perder a cabeça, e proceder de uma maneira irracional, fazendo-lhes escravos de uma vergonha fatídica, que, em lugar de conduzi-los à salvação, leva-os à ruína. Mediante seus estratagemas fazem-lhes saltar os olhos das órbitas, para que não possam ver suas misérias e os meios para sair do estado miserável em que encontram-se, lhes fazendo vítimas de sua apreensão e repugnância para os Santos Sacramentos. Têm-nos aprisionados pelas coxas e pelas pernas, para que não possam mover-se nem dar um passo pelo caminho do bem; tal é o predomínio da paixão, a causa do hábito contraído, que chegam a acreditar impossível a emenda.
Asseguro-lhes, queridos jovens, que derramei abundantes lágrimas ao contemplar aquele espetáculo. Teria desejado precipitar-me a salvar àqueles infelizes, mas apenas separava-me da lente, nada via. Quis então tomar nota dos nomes dos três desgraçados, mas o amigo replicou-me:
— É inútil, pois estão já escritos neste livro que tenho na mão.
Então, com o coração cheio de uma emoção inexprimível e com lágrimas nos olhos, voltei-me para companheiro e disse-lhe:
— Mas é possível que se encontrem em semelhante estado estes três pobres jovens aos quais dei tantos conselhos e aos que tantos cuidados dediquei na confissão e fora dela?
E seguidamente perguntei-lhe o que é o que deveriam fazer para arrojar de cima a tão horríveis monstros.
Então, meu companheiro, começou a dizer muito depressa e entre dentes estas palavras: Trabalho, suor, ardor.
— É inútil; se falas assim não te entenderei nada.
Vá! Estás acostumado ao empenho das gramáticas e ao uso das construções nas classes e não compreendes? Ponha atenção: Trabalho, ponto e vírgula; suor, ponto e vírgula; ardor, ponto. entendeste?
— Compreendi o sentido material das palavras, mas é necessário que você me diga o significado.
Para se livrar da impureza: trabalho incessante, penitência contínua e oração fervorosa e perseverante
E o guia continuou:
Trabalho in assiduis opéribus (trabalho incessante); suor in poenitentiis continuis (penitência contínua); ardor in oratiónibus fervéntibus et perseverántibus (oração fervorosa e perseverante). Mas, por estes é inútil que te sacrifiques; não conseguirás ganha-los pois não querem sacudir o jugo de Satanás, do qual são escravos.
Enquanto isso, eu seguia olhando pela lente e atormentava-me pensando:
— Mas todos estes se têm que perder irremisivelmente? É possível? Até depois de ter feito os exercícios espirituais? Também aqueles? E aqueles outros? depois de ter feito tanto por eles... depois de ter trabalhado tanto..., depois de tantos sermões... depois de tantos conselhos como lhes dei... e de tantas promessas!..., depois de haver-lhes avisado tantas vezes? Jamais me teria esperado semelhante desengano! E não encontrava ponto de repouso.
Então meu intérprete começou a repreender-me :
— Oh, o soberbo! E quem é você para pretender converter às almas com teu trabalho? Porque amas aos jovens pretendes que correspondam a tuas insônias? Acaso crês que amas mais às almas que Nosso Divino Salvador e que sofreste e padecestes por elas mais que Ele? Pensas que tua palavra é mais eficaz que a de Jesucristo? Acaso pregas você melhor que Ele? Imagina que tivestes maior caridade e que tua solicitude foi maior para com teus jovens que a que Ele empregou para com seus Apóstolos? Você sabe que viviam com Ele continuamente, que gozavam ininterruptamente dos seus benefícios, que ouviam dia e noite suas admoestações e os preceitos de sua doutrina, que contemplavam suas obras que deviam ser um vivo estímulo para a santificação de seus costumes. Quanto não fez e disse em favor do Judas Iscariotes! E, contudo, Judas Iscariotes traiu-lhe e morreu impenitente (e agora esta em inferno – Gehenna). É você acaso melhor que os Apóstolos? Pois bem, os Apóstolos escolheram sete diáconos, somente sete, selecionados com a maior solicitude, e, contudo, um prevaricou. E você, entre quinhentos, maravilhas-te deste pequeno número que não corresponde a teus cuidados? Pretendes conseguir que entre eles não haja nenhum mau, nenhum pervertido? Oh, o soberbo!
Depois de ouvir isto calei, mas não sem sentir minha alma oprimida pela dor.
— Pelo resto, consola-te — prosseguiu aquele homem, vendo-me tão abatido. E me fez dar outra volta à roda, enquanto dizia:
— Admira a generosidade de Deus! Observa quantas almas te quer dar de presente. Vê esse grande número de jovens?
Voltei a olhar através da lente e vi uma multidão imensa de jovens, aos quais desconhecia por completo.
— Sim, vejo-os — respondi —, mas não os conheço.
— Pois bem, estes são os que o Senhor te dará em lugar daqueles que não correspondem a teus cuidados. Tenha presente que por cada um deles o Senhor te dará cem.
— Ah! Pobre de mim!, — exclamei —; tenho a casa cheia; aonde colocarei a todos estes jovens novos?
— Não se preocupe. Por agora tendes espaço para todos. Mais adiante, Aquele que lhe envia isso, indicar-te-á onde os tendes que albergar. Ele mesmo te proporcionará o local.
— Não é tanto o local aonde colocá-los o que me preocupa, quanto à maneira de lhes dar de comer.
Não pense agora nisso; o Senhor proverá.

—Se for assim, perfeitamente— repliquei cheio de consolo.
E observando durante algum tempo e com grande complacência àqueles jovens, retive a fisionomia de muitos deles, de forma que agora os reconheceria se os voltasse a ver.
E aí terminou de falar (São) João Dom Bosco na noite de dois de maio.

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