sábado, 15 de agosto de 2009

Os mártires de Turim — 1845

Um novo sonho tinha que ilustrar a mente de São João Bosco sobre o fim glorioso dos esclarecidos mártires de Turim, Adventor, Octavio e Solutor, cujo martírio tinha tido como cenário, conforme o indicasse a Senhora de seus pensamentos, o mesmo lugar em que suas obras começavam a crescer prodigiosamente.

Eis aqui o que nos diz Lemoyne, que recolheu o relato de lábios do Santo:
Pareceu-lhe encontrar-se no extremo setentrional do Rondou ou Círculo Valdocco e dirigindo o olhar para o Doura, entre as esbeltas árvores que naquele tempo o adornavam, perfeitamente alinhados, a avenida hoje denominada Regina Margherita, viu para a parte baixa, a uma distância de uns setenta metros da contigua rua Cottolengo, em um campo semeado de batatas, milho, feijões e repolhos, a três jovens muito belos e resplandecentes de luz. Estavam no mesmo espaço que lhe tinha sido indicado no sonho precedente, como teatro de seu glorioso martírio. Os três lhe convidaram a baixar e a unir-se a eles. São João Bosco apressou-se a fazê-lo, e quando, esteve em sua companhia lhe conduziram amavelmente até o local no qual se eleva a majestosa igreja da María Auxiliadora.

O Santo, depois de percorrer um breve espaço, indo de maravilha em maravilha, encontrou-se em presença de uma Matriarca magnificamente embelezada e de uma inexprimível formosura, de extraordinário esplendor e majestade, junto à qual se via um venerável senado de anciões com aspecto de príncipes. A Ela como Rainha em torno da qual formavam cortejo inumeráveis personagens de uma beleza e de uma graça deslumbrantes. A Matriarca, que tinha aparecido no lugar que hoje ocupa o altar mor da igreja grande, convidou a São João Bosco a que se aproximasse. Quando o teve junto de si, manifestou-lhe que aqueles três jovens que lhe tinham conduzido a sua presença, eram os Mártires Solutor, Adventor e Octavio, e com isto parecia lhe querer indicar que eles seriam os patronos especiais daquele local.

Depois, com um encantador sorriso e com afetuosas palavras o animou a que não abandonasse os seus jovens e que prosseguisse cada vez com maior entusiasmo a obra empreendida; anunciou-lhe que encontraria obstáculos ao parecer insuperáveis, mas que todos seriam vencidos e aplainados se pusesse sua confiança na Mãe de Deus e em seu Divino Filho.

Finalmente mostrou a pouca distância uma casa, que realmente existia e que depois soube ser propriedade de um tal senhor Pinardi, e uma pequena igreja no sítio preciso no qual se encontra agora a de São Francisco de Sales com os edifícios contíguos. Levantando a mão direita, a Senhora exclamou com voz inefavelmente harmoniosa: «HAEC EST DOMUS MEA: INDE GLORIFICA MEA».

Ao ouvir estas palavras, São João Bosco sentiu-se tão emocionado que se estremeceu, então a figura da Virgem, como era aquela Senhora e toda aquela visão desapareceram como a névoa em presença do sol. Ele, enquanto isso, crédulo na bondade e na misericórdia divinas, renovou aos pés da muito santa Virgem a consagração de si mesmo à obra a qual tinha sido chamado.
Na manhã seguinte, muito contente pelo sonho que tinha tido na noite anterior, Dom Bosco se apressou a visitar a casa que a Virgem lhe tinha indicado.

Ao sair de sua habitação disse ao teólogo Borel:
—vou ver uma casa apropriada para nosso Oratório.
Mas, qual não seria sua surpresa quando, ao chegar no local indicado, em vez de encontrar uma casa com uma igreja, achou uma moradia de gente de má vida.
Ao retornar ao Refúgio e tendo sido interrogado pelo mesmo teólogo, sem mais explicação, disse-lhe que a casa sobre a qual tinha baseado seus projetos, não lhe servia para o fim proposto.
Em outro sonho recebeu da Virgem a explicação, e o sítio serveu-lhe.
(M. B. Tomo II, págs. 342-343)

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